terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Biennale di Architettura di Venezia- Fundamentals

Finalmente, o motivo principal da minha viagem para Veneza: La Biennale di Architettura di Venezia! Acabamos visitando apenas um dia, mas foi bom o suficiente! O espaço da Biennale é dividido em pavilhões espalhados pelo Giardini e Arsenale além de espaços -menores- pela cidade e contou com 66 países mostrando o melhor de suas arquiteturas nos últimos 100 anos. Com o tema "Fundamentais" e direção de Rem Koolhaas, essa bienal mostrou a relação entre a arquitetura e a modernidade e tem um olhar voltados para os elementos fundamentais da arquitetura, usados por qualquer arquiteto, em qualquer lugar, em qualquer altura, para tentar descobrir algo novo sobre a arquitetura.
Para isso a curadoria estabeleceu três seções para investigar os elementos básicos, a condição contemporânea da Itália e como ela pode informar outros contextos, além de avaliar o "moderno" entre os países participantes, redescobrindo pontos de referência e reacender o desejo pela arquitetura.


O papel dos 66 países era traçar a história dos seus processos de modernização desde 1914, o que proporcionou à mostra a relação da arquitetura com a história política (golpes de estado, guerras, movimentos...). A esfera pública então desaparece e fica a pergunta: "quem preencherá esse vazio?" "Onde está e para onde se desloca o caráter público da arquitetura?" "Como reconquistá-lo?".
A maioria dos participantes respondeu diretamente ao tema proposto, com leituras pontuais dos seus processos de modernização, outros questionaram a visão globalizada da arquitetura ou ainda o quanto a modernidade é/foi benéfica (ou não). Alguns países escolheram uma visão panorâmica com uma linha do tempo (como o Brasil), enquanto a República de Kosovo mostra como nunca aderiu ao movimento. Abordagens conceituais e espirituais também tiveram vez e a maneira de representar isso tudo é tão diversa quanto as suas culturas: materiais físicos e outros onlines, com pavilhões lotados de informações e outros vazios e outro ainda sem pavilhão, com interação do público ou não, em forma de escritório ou somente como exposição...


No pavilhão central do Giardini se encontrava a seção "Fundamentals" onde a ideia era verificar tudo relacionado aos elementos principais que constituem um edifício: chão, parede, janelas, portas, escadas, teto, telhado, fachada, sacada, corredor, lareira, banheiro, elevador e a rampa. Eles são isolados em sub espaços, sendo estudados e analisados separadamente para entender a importância de cada um desses elementos, que pode não ser percebida no todo, devido ao tamanho de informações que um projeto contém.
Essa exposição foi pensada e projetada durante meses, mas é resultado de uma pesquisa de dois anos com a Harvard Graduate School of Design e juntamente com as equipes lideradas pelo curador, foi desenvolvido paralelamente um livro, exposto e vendido no mesmo local.


No segundo grande pavilhão, a exposição Monditália, propôs a Itália como a anfitriã em conjunto com as outras artes: a dança, cinema, música e teatro. Era basicamente um corredor onde de um lado encontrava-se a exposição e do outro alguma forma de arte interagindo, seja uma projeção ou até mesmo uma apresentação. Ao todo foram 82 filmes italianos, e 41 estudos de casos arquitetônicos.


"O fato dessa Bienal ser uma desconstrução do modo de ver e escrever a arquitetura, nos informa sobre a impossibilidade de tradução universal, assim como uma construção historiográfica única e engessada. A exposição, entre outras características, é uma expressão de desacordo com a história da arquitetura contada pelos manuais e obras icônicas. Ao apresentar elementos que são pretensamente universais e que trazem à exposição a tensão que é intrínseca à memória, Koolhas permite aos visitantes uma leitura aberta e composta por retóricas. Essa exposição é, certamente, uma aula de curadoria e de arquitetura, que mantém no âmbito tectônico a promessa de realidade, carregando em sua materialidade os múltiplos significados e enunciados." Anne Capelo.


No pavilhão do Brasil, a exposição foi organizada por tipos de edifícios: habitações coletivas, habitações individuais, edifícios governamentais, escolas, urbanismo e paisagismo. O espaço intercalado por divisórias em treliças e cobogós continha painéis com imagens históricas e croquis dessas construções impondo um trajeto cronológico com obras de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Burle Marx, Lina Bo Bardi, Lelé, Paulo Mendes da Rocha (etc).
Particularmente, o pavilhão brasileiro não me agradou. Externamente, estava numa excelente localização de destaque e não achei que usou desse recurso tão bem como poderia. Internamente, os painéis mostraram basicamente fotos e mais fotos, sem tantas informações que eu julgava necessárias para a proposta, mas principalmente que muitas obras e cidades que poderiam ser citados, não foram: apareceram basicamente Brasília, Rio e São Paulo. Nesse artigo, a Ana Luiza Nobre comenta sobre a Bienal como um todo e foca no pavilhão do Brasil com um olhar crítico mais aprofundado, vale a pena ler!


Mas em compensação, escolhi dois pavilhões que amei. Um deles foi queridinho por quase todos: Finlândia! A instalação se chama Re-Creation e foi construída por um mestre carpinteiro finlandês e por uma equipe chinesa (pelo conhecimento do uso do bambu), estabelecendo uma ligação sutil e complexa ao mesmo tempo. Ela coloca o visitante na sua própria interpretação da dinâmica entre modernidade e tradição. Duas casas em suas formas mais básicas do lado de fora te faz refletir sobre o espaço, autenticidade, cópia, fusão de culturas. E outro ponto que me chamou atenção, embora não tenha lido sobre essa intenção, é a da construção com o meio ambiente: a madeira por si só já me fascina, em contato e interação direta com o verde então... não tinha como não ser meu preferido!


E o segundo, pavilhão da Coréia! Gostei da arquitetura do pavilhão: um ambiente com cores vibrantes, painéis ondulados de madeira e muita iluminação natural obtida pelo uso do vidro inclusive no telhado. Chamado de Crow's Eye View (referência a um poema do arquiteto Yi Sang sobre a fragmentação causada pelo colonialismo japonês), a curadoria abusou de uma equipe interdisciplinar e aproveitou cada canto do espaço as interseções e divisões arquitetônicas entre as Coreias do Norte e do Sul. A reportagem do ArchDaily o descreve mais precisamente, além das fotos que sintetizam sua arquitetura. 
E merecidamente, este pavilhão foi o mais querido também por Rem Koolhaas e, assim, o vencedor da Bienal, conquistando o Leão de Ouro de 2014.


Confira mais fotos da Biennale: 
 
Arquitetinhos rumo ao objetivo da viagem
  
Pavilhão da Austria
 
Pavilhões da Espanha e da Holanda
 
Fundamentals
 
Pavilhão da Hungria
 
 
 
Pavilhão da França e do Canadá
 
Pavilhão da Coreia
 
 
Arsenale
 
 
 
Arsenale
 
No fim, um friozinho na noite de Veneza!


Beijos,
À melhor oportunidade de expandir minha visão e conhecimentos arquitetônicos!

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 PS: Minhas fotos são tiradas de uma Nikon P510, uma Canon 1200D e algumas com o Moto X câmera de 10Mp, e a grande maioria não possui filtro nenhum (só em algumas poucas que eu apareço e tento mexer na saturação, mas só). Sou fã de fotografia e gosto de ver os resultados como eles saem da máquina, aproveitando o máximo que ela pode me oferecer!

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